1. Introdução
O
presente trabalho de psicopedagogia irá centrar-se no estudo da Didática geral, método de ensino,
planificação e suas funções.
A Didática é, pois, uma das
disciplinas da Pedagogia que estuda o processo de ensino através dos seus
componentes - os conteúdos escolares, o ensino e a aprendizagem - para, com o
embasamento numa teoria da educação, formular diretrizes orientadoras da
atividade profissional dos professores. É, ao mesmo tempo, uma matéria de
estudo fundamental na formação profissional dos professores e um meio de
trabalho do qual os professores se servem para dirigir a atividade de ensino,
cujo resultado é a aprendizagem dos conteúdos escolares pelos alunos.
De
referir ainda que método de ensino é a maneira pela qual o professor organiza
as atividades de ensino para atingir os objetivos de ensino / aprendizagem,
compreendendo as estratégias, ações e procedimentos adotados que estão
vinculados a reflexão, compreensão e transformação da realidade.
2. Didática
Geral
A
didática é o principal ramo de
estudos da pedagogia. Ela investiga os fundamentos, condições e modos de
realização de instrução e do ensino.
A
ela cabe converter os objetivos sociopolíticos e pedagógicos em objetivos de
ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer
os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das
capacidades mentais ds alunos. A didática está intimamente ligada à Teoria da
educação e à teoria da organização escolar e, de modo muito especial, vincula-se
à teoria do conhecimento e à psicologia da educação.
Didática geral,
estuda os princípios, as normas e as técnicas que devem regular qualquer tipo
de ensino, para qualquer tipo de aluno. Ela nos dá uma visão geral das
atividades docente.
Segundo PILETTI
(2010), a didática é o ramo específico da pedagogia que tem como objetivo
dirigir tecnicamente o ensino rumo à aprendizagem, ou seja, a didática é a
parte da pedagogia que tem como objeto de estudo o ensino em sua relação com a
aprendizagem.
2.1. Objecto
de estudo
O
objecto de estudo da didática é o processo de ensino, campo principal da
educação escolar.
Na
medida em que o ensino viabiliza as tarefas da instrução, ele contém a
instrução. Podemos, assim, delimitar como objecto da didática o processo de
ensino que, considerado no seu conjunto, inclui: os conteúdos dos programas e
dos livros didáticos, os métodos e formas organizativas do ensino, as
atividades do professor e dos alunos e as diretrizes que regulam e orientam
esse processo.
3. Método de
ensino
O
conceito mais simples de método é o de caminho para atingir um objetivo. Na
vida cotidiana estamos sempre perseguindo objetivos. Mas estes não se realizam
por si mesmos, sendo necessária a nossa atuação, ou seja, a organização de uma sequência
de ações para atingi-los. Os métodos são, assim, meios adequados para realizar
objectivos.
Um
cientista busca um objetivo que é a obtenção de novos conhecimentos e, para
isso, utiliza métodos de investigação científica. Já o estudante tem como
objectivo a aquisição de conhecimentos e, para isso, utiliza métodos de
assimilação de conhecimentos.
O
método de ensino expressa a relação conteúdo-método, no sentido de que tem como
base um conteúdo determinado (um fato, um processo, uma teoria, etc.). O método
vai em busca das relações internas de um objecto, de um fenómeno, de um
problema, uma vez que esse objecto de estudo fornece as pistas, o caminho para
conhece-lo. Mas, quando falamos que o método propicia a descoberta das relações
entre as coisas que se estudam, referimo-nos à ideia de que os fatos, os
fenómenos, os processos estão em constante transformação, em constante
desenvolvimento, em virtude de que é pela acção humana que as coisas mudam.
Os
métodos de ensino dependem dos objectivos que se formulam tendo em vista o
conhecimento e a transformação da realidade. A prática educativa em nossa
sociedade, através do processo de transmissão e assimilação ativa de
conhecimentos e habilidades, deve ter em vista a preparação de crianças e
jovens para uma compreensão ais ampla da realidade social, para que essas
crianças e jovens de tornem agentes ativos de transformação dessa realidade.
Em
resumo, podemos dizer que os métodos de ensino são as ações do professor pelas
quais se organizam as atividades de ensino e dos alunos para atingir objectivos
do trabalho docente em relação a um conteúdo específico. Eles regulam as formas
de interação entre ensino e aprendizagem entre o professor e os alunos, cujo
resultado é a assimilação constante dos conhecimentos e o desenvolvimento das
capacidades cognoscitivas e operativas dos alunos.
A
escolha e organização dos métodos de ensino devem corresponder à necessária
unidade objetivos-conteúdos e formas de organização do ensino e às condições
concretas das situações didáticas. Em primeiro lugar, os métodos de ensino
dependem dos objetos imediatos da aula: introdução
de matéria nova, explicação de conceitos, desenvolvimento de habilidades,
consolidação de conhecimentos etc. Ao mesmo tempo, dependem de objetivos
gerais da educação previstos nos planos de ensino pela escola ou pelos
professores.
Na
análise do processo de ensino destaca-se seu carater bilateral em que a
atividade de direção do professor e de aprendizagem do aluno atuam
reciprocamente, o professor estimulando e dirigindo o processo em função da
aprendizagem ativa do aluno. Os métodos movimentam esse processo. Desse modo,
quando, por exemplo, é utilizada a exposição lógica da matéria, predomina a
atividade do professor, mas sempre visando a compreensão e assimilação da matéria,
suscitando a atividade mental do aluno. Os métodos correspondem, assim, à sequência
de atividades do professor e doa alunos.
3.1. A
relação objectivo-conteúdo
A
relação objetivo-conteúdo-método tem como característica a mútua
interdependência. O método de ensino é determinado pela relação
objetivo-conteúdo, mas pode também influir na determinação de objetivos e
conteúdos. Com efeito, a matéria de ensino é o elemento de referência para a
elaboração dos objetivos específicos que, uma vez definidos, orientam a
articulação dos conteúdos e métodos, à medida que expressam formas de
transmissão e assimilação de determinadas matérias, atuam na seleção de
objetivos e conteúdos.
~podemos
assim dizer que o conteúdo determina o método, pois é a base informativa concreta
para atingir os objetivos. Mas o método pode ser um conteúdo quando é também
objeto de assimilação, ou seja, requisito para assimilação ativa dos conteúdos.
Por exemplo, para uma aula de leitura estabelecemos objetivos, conteúdos e
métodos. Se decidimos aplicar o método de leitura expressiva, nosso objetivo é
que o aluno domine uma habilidade de leitura. Neste caso, o método se converte
em objetivo e conteúdo.
3.2. Classificação
dos métodos de ensino
Há
muitas classificações de métodos de ensino, conforme o critério de cada autor.
Dentro da conceção de processo de ensino que temos estudado, os métodos de
ensino são considerados em estreita relação com os métodos de aprendizagem (ou
métodos de assimilação ativa); ou seja, os métodos de ensino fazem parte do
papel de direção do processo de ensino por parte do professor tendo em vista a
aprendizagem dos alunos. Nesse sentido, o critério de classificação dos métodos
de ensino resulta da relação existente entre ensino e aprendizagem,
concretizada pelas actividades do professor e alunos no processo de ensino.
Em
função desse critério básico, ao qual a direção do ensino se orienta para a
ativação das forças cognoscitivas do aluno, podemos classificar os métodos de
ensino segundo os seus aspectos externos – método
de exposição pelo professor, método de trabalho relativamente independente do
aluno, método de elaboração conjunta (ou de conversação) e método de trabalho
em grupos – e seus aspectos internos – passos ou funções didáticas e
procedimentos lógicos e psicológicos de assimilação.
·
Método
de exposição pelo professor
Neste
método, os conhecimentos, habilidades e tarefas são apresentadas, explicadas ou
demonstradas pelo professor. A actividade dos alunos é receptiva, embora não
necessariamente passiva. Este método é amplamente utilizado em nossas escolas,
apesar das críticas que lhe são feitas, principalmente por não levar em conta o
princípio da atividade do aluno.
Entre
as formas de exposição, podemos mencionar as seguintes: a exposição verbal, a demonstração,
a ilustração e a exemplificação. No entanto essas formas podem ser
conjugadas ou desenvolvidas, possibilitando o enriquecimento da aula
expositiva.
·
Método
de trabalho independente
O
método de trabalho independente dos alunos consiste de tarefas dirigidas e
orientadas pelo professor, para que os alunos as resolvam de modo relativamente
independente e criador. O trabalho independente pressupõe determinados
conhecimentos, compreensão da tarefa e do seu objetivo, o domínio do método de
solução, de modo que os alunos possam aplicar conhecimentos e habilidades sem a
orientação direita do professor.
O
aspecto mais importante do trabalho independente é a atividade mental dos
alunos, qualquer que seja a modalidade de tarefa planejada pelo professor para
estudo individual.
O
trabalho independente pode ser adotado em qualquer momento da sequência da
unidade didática ou aula, como tarefa
preparatória, tarefa de assimilação do conteúdo ou como tarefa de elaboração pessoal.
·
Método
de elaboração conjunta
A
elaboração conjunta é uma forma de interação ativa entre o professor e os
alunos visando a obtenção de novos conhecimentos, habilidades, atitudes e
convicções, bem como a fixação e consolidação de conhecimentos e convicções já
adquiridos.
A
elaboração conjunta supõe um conjunto de condições prévias: a incorporação pelos alunos dos objetivos a
atingir, o domínio de conhecimentos básicos ou a disponibilidade pelos alunos
de conhecimentos e experiencias que, mesmo não sistematizados, são pontos
de partida para o trabalho de elaboração conjunta.
A
forma mais típica do método de elaboração conjunto é a conversação didática. Às
vezes denomina-se, também, aula dialogada, mas a conversação é algo mais. Não
consiste meramente em respostas dos alunos às perguntas do professor, numa
conversa “fechada” em que os alunos pensem e falem o que o professor já pensou
e falou, como uma aula de catecismo. A conversação didática é “aberta” e o
resultado que dela decorre supõe a contribuição conjunta do professor e dos
alunos.
·
Método
de trabalho em grupo
O
método de trabalho em grupos ou aprendizagem em grupo consiste basicamente em
distribuir temas de estudo iguais ou diferentes a grupos fixos ou variáveis,
compostos de 3 a 5 alunos. O trabalho em grupo tem sempre um caracter
transitório, ou seja, deve ser empregado eventualmente, conjugado com outros
métodos de exposição e de trabalho independente.
Qualquer
que seja o procedimento em grupo, ele deve procurar desenvolver as habilidades
de trabalho coletivo responsável e a capacidade de verbalização, para que os
alunos aprendam a expressar-se e a defender os seus pontos de vista. Deve
também possibilitar manifestações individuais dos alunos, a observação do seu
desempenho, o encontro direto entre aluno e matéria de estudo e a relação de
ajuda reciproca entre os membros do grupo.
·
Actividades
especiais
Denominam-se
atividades especiais aquelas que complementam os métodos de ensino e que
concorrem para a assimilação ativa dos conteúdos. São, por exemplo, o estudo do
meio, o jornal escolar, a assembleia de alunos, o museu escolar, o teatro, a
biblioteca escolar, etc.
4. Planificação
e suas funções didáticas
Planificação ou planejamento
é um meio para se programar as ações docentes, mas é também um momento de
pesquisa e reflexão intimamente ligada à avaliação.
O
plano é um guia de orientação, pois
nele são estabelecidas as diretrizes e os meios de realização do trabalho
docente.
Planificação escolar
é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em
tempos da sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto
a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino.
Há
três modalidades de planejamento, articuladas entre si: o plano da escola, o plano de ensino e o plano de aulas.
4.1. Importância
da planificação escolar
O
planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação
docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social. E
escola, os professores e os alunos são integrantes da dinâmica das relações
sociais; tudo o que acontece no meio escolar está atravessado por influências
económicas, políticas e culturais que caracterizam a sociedade de classes. Isso
significa que os elementos do planejamento escolar – objetivos, conteúdos,
métodos – estão recheados de implicações sociais, têm um significado
genuinamente político. Por essa razão, o planejamento ou planificação é uma
atividade de reflexão acerca das nossas opções e ações; se não pensarmos
detidamente sobre o rumo que devemos dar ao nosso trabalho, ficarmos entregues
aos rumos estabelecidos pelos interesses dominantes na sociedade.
4.2. Funções
da planificação
·
Explicitar princípios, diretrizes e
procedimentos do trabalho docente que assegurem a articulação entre as tarefas
da escola e as exigências do contexto social e do processo de participação
democrática.
·
Expressar os vínculos entre o
posicionamento filosófico, político-pedagógico e profissional e as ações efetivas
que o professor irá realizar na sala de aula, através de objectivos, conteúdos,
métodos e formas organizativas do ensino.
·
Assegurar a racionalização,
organização e coordenação do trabalho docente, de modo que a previsão das ações
docentes possibilite ao professor a realização de um ensino de qualidade e
evite a improvisação e a rotina.
·
Prever objetivos, conteúdos e
métodos a partir da consideração das exigências postas pela realidade social,
do nível de preparo e das condições socioculturais e individuais dos alunos.
·
Assegurar a unidade e a coerência do
trabalho docente, uma vez que torna possível inter-relacionar, num plano, os
elementos que compõem o processo de ensino: os objetivos (para que ensinar), os
conteúdos (o que ensinar), os alunos e suas possibilidades (a quem ensinar), os
métodos e técnicas (como ensinar) e a avaliação, que está intimamente
relacionada aos demais.
·
Atualizar o conteúdo do plano sempre
que é revisto, aperfeiçoando-o em relação aos progressos feitos no campo de
conhecimentos, adequando-o às condições de aprendizagem dos alunos, aos
métodos, técnicas e recursos de ensino que vão sendo incorporados na
experiencia cotidiana.
·
Facilitar a preparação das aulas:
selecionar o material didático em tempo hábil, saber que tarefas professor e
alunos devem executar, replanear o trabalho frente a novas situações que aparecem
no decorrer das aulas.
5. Bibliografia
GRIZ, Maria das Graças Sobral, Psicopedagogia: um conhecimento
em contínuo processo de construção, Casa do
Psicologo, Casapsi Livraria,
2009
LIBÂNEO,
José Carlos, Didática, São Paulo,
Cortez Editora, 2006.
PILETII,
Claudino, Didática Geral, 23ª edição,
São Paulo, Ática Editora, 2004.
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